bronquiectasias
É o alargamento ou distorção dos brônquios. Os brônquios são tubos por onde o ar entra e sai dos pulmões. Dentro de cada pulmão, eles vão se ramificando como galhos de árvore, formando a árvore brônquica.
Na árvore brônquica normal, à medida que se dirigem à periferia dos pulmões, eles vão se dividindo e afilando. Quando não ocorre esta diminuição de calibre ou, ao contrário, o calibre aumenta, dizemos que existe bronquiectasia.
Esta distorção irreversível dos brônquios decorre da destruição do componente elástico que compõe a parede destes.
A bronquiectasia, antes da existência dos antibióticos, foi uma doença bastante comum. Com o surgimento dos antibióticos e das campanhas de vacinação (contra o sarampo, coqueluche e tuberculose), ela tornou-se menos comum em virtude do melhor tratamento e prevenção das infecções respiratórias, respectivamente.
Além dos microorganismos citados acima, vírus como o adenovírus tem potencial para gerar bronquiectasias. Bactérias destrutivas como o Staphylococcus aureus, a Pseudomonas aeruginosa, a Klebsiella pneumoniae, o Mycoplasma pneumoniae e os anaeróbios também podem causar as bronquiectasias. Os fungos como o Aspergillus e o Histoplasma também podem contribuir para o surgimento da doença.
Como se desenvolve?
A bronquiectasia pode ser congênita (desde o nascimento) ou adquirida. Para a bronquiectasia surgir, há necessidade da presença de dois elementos: a agressão por uma infecção e a deficiência na resolução (“limpeza”) das secreções brônquicas. Portanto, quanto mais agressivo o germe causador da infecção e quanto pior os mecanismos e as condições de defesa dos pulmões e do organismo como um todo, maiores as chances de desenvolvimento da doença. Com a perpetuação do processo inflamatório nos brônquios, estes vão se destruindo.
O que se sente?
O portador típico de bronquiectasia é aquele indivíduo que tem tosse com expectoração (escarro) persistente e em grande quantidade, principalmente, pela manhã. Estas alterações são crônicas, mas apresentam períodos de piora, com necessidade de uso freqüente de antibióticos. Nesta situação, pode haver febre, perda do apetite, falta de ar, chiado no peito, expectoração com sangue e piora do estado geral da pessoa afetada.
Todavia, as manifestações da doença podem ser frustras ou a pessoa pode até não ter nenhum sinal ou sintoma.
Existe também um tipo de bronquiectasia – bronquiectasia seca – na qual não há aquela expectoração abundante e persistente de muco (catarro) como na maioria dos casos. Ela se manifesta como episódios de hemoptise (sangramento ao tossir), e usualmente decorre de lesões cicatrizadas de tuberculose.
Como o médico faz o diagnóstico?
Com as alterações que o doente apresenta, o médico poderá suspeitar do diagnóstico de bronquiectasia. No exame físico, o médico poderá perceber alterações na ausculta dos pulmões. No entanto, a confirmação da doença virá através dos exames de imagem - radiografia, tomografia computadorizada ou broncografia do tórax. Este último, no passado, foi o único método capaz de firmar tal diagnóstico. Com o surgimento da tomografia computadorizada (TC), esse exame caiu em desuso. Nele são feitas radiografias após o uso de substância que contrasta os brônquios do indivíduo.
Como a broncografia não era um exame de fácil realização, a TC surgiu como alternativa. Contudo, a TC não tem a mesma precisão da broncografia na identificação de certas lesões.
Para se buscar possíveis fatores predisponentes para a doença, faz-se necessário a realização de outros exames.
A espirometria – exame que mede a capacidade de ar dos pulmões – pode ser solicitada para avaliar melhor a doença, assim como a gasometria arterial que mede níveis de oxigênio e de dióxido de carbono no sangue.
Como se trata?
A cirurgia como tratamento deve ser realizada nos casos em que a doença é localizada (quando acomete só uma parte do pulmão) e não há melhora dos sintomas com o tratamento conservador.
A cirurgia também é uma opção nos casos de pacientes com hemoptises. Contudo, antes da realização da cirurgia, o médico deverá se certificar que o indivíduo possui uma reserva de ar que possibilite tal procedimento.
Nos casos em que a doença é difusa, o tratamento é conservador. Além dos antibióticos, que são armas importantíssimas nesta modalidade de tratamento, a fisioterapia é fundamental no tratamento dos pacientes com bronquiectasias.
Através de manobras, em especial de drenagem postural– o indivíduo é colocado numa posição, de acordo com a localização de suas lesões, para que a gravidade ajude na drenagem das secreções contidas nos locais afetados do pulmão ou pulmões. A fisioterapia pode, com isso, reduzir o número de exacerbações da doença e a sua progressão.
A drenagem postural deve ser feita diariamente, com duração de quinze a trinta minutos por sessão para que seja eficaz.
Dentre as medicações que podem auxiliar no tratamento também estão os mucolíticos – que promovem uma maior depuração das secreções brônquicas – e os broncodilatadores para alívio da falta de ar e do chiado no peito.
Nos pacientes com bronquiectasias difusas, com grave prejuízo na qualidade de vida, o transplante pulmonar poderá ser realizado
Como complicações possíveis das bronquiectasias, além das pneumonias, pode ocorrer o empiema que é o acúmulo de pus na pleura (que é a “capa”do pulmão), o abscesso pulmonar (uma lesão que forma um “buraco “com pus no pulmão), o pneumotórax (acúmulo de ar na pleura), a hemoptise volumosa (quando a pessoa tosse grande volume de sangue) e o cor pulmonale – que ocorre quando a doença crônica dos pulmões desencadeia um dano ao coração.
Como se previne?
Os indivíduos com bronquiectasia devem receber as vacinas contra o vírus influenza e o pneumococo (bactéria implicada em muitas infecções respiratórias) para a profilaxia das exacerbações infecciosas da doença.
As imunizações (vacinações) contra agentes agressores broncopulmonares são importantes para prevenir o desenvolvimento da doença.
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